Em (re)construção


Você já viveu um processo de luto? Mas um processo de luto sem ninguém ter morrido?

Me encontro na quarta e penúltima fase do luto e quem morreu foi o amor. Lidei primeiro com o choque de ver morto algo que jamais pensei que iria acabar, que cuidei tanto e que doei todas as energias possíveis para fazer viver. Doeu assumir isso, demorei aceitar e respondi para todas as pessoas que me pediram: "Eu tô bem, tá tudo certo".  Eu jurei que não me permitiria voltar para onde eu estava, jamais me permitiria cair novamente, mas isso não quer dizer que não doeu, que não me rasgou o peito, que não me machucou a alma (ou que tudo isso eu não sinta ainda hoje). 

A fase de negação foi a mais fácil pois é quando a gente sai, ri, conhece pessoas, sente uma liberdade absurda e no final ainda pensa: "Caramba, eu estava perdendo tudo isso?". A de raiva foi intensa, tive vontade de ligar xingando, de brigar até com os familiares, quis brigar com os amigos em comum e reclamar de tudo que vivi pensando que de nada tinha valido. A barganha foi rápida, me perguntei algumas vezes: "E se eu tivesse feito diferente? E se eu conseguir mudar alguma coisa em mim?". Mas aí lembrei que eu fiz tudo que podia (e mais do que deveria), que doei cada pedacinho de mim, coloquei toda minha energia nisso e que eu não deveria barganhar nada. 

Hoje eu estou na fase da depressão, aquela que dói de um jeito triste, que dá vontade de abraçar, que dá uma dor tão forte no peito que a única saída parece ser ir correndo para o colo de quem me machucou, saudade do cheiro, do abraço, do carinho. É querer chorar quietinha no canto, sem falar pra ninguém pois a única pessoa que viria acalmar é a única no mundo que não se pode falar. 

Mas sabe o que me deixa feliz? A próxima e última fase é a aceitação quando a paz começa a assumir o espaço vazio do coração, quando os planos e metas começam a fazer mais sentido. E aquilo que doía se torna apenas lembrança. Eu desejo com todas as forças esse momento. Nunca pensei que quisesse esquecer todas essas minhas memórias, nunca pensei que chegaria nessa fase de ter que lidar com o nada, achei que tudo tinha jeito, achei que seria para sempre. Mas Deus tem maneiras engraçadas de escrever a nossa vida, e eu posso perder tudo... só não perco minha fé de que Ele nunca faz coisas iguais ou menores, é sempre maior! 


Continuo sendo intenso na força, no sorriso, no amor e na fé. ♥ 






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