Pra me refazer

Tudo estava preto! Conforme eu ia abrindo os olhos, estrelinhas apareciam na imagem eram coloridas, pequenas, grandes, daquelas que aparecem quando alguém que estava dormindo a muito tempo e acorda. Foi difícil, mas eu acordei... difícil por que ainda dói quando eu olho o tempo que perdi, dói quando eu não me reconheço mais e dói quando eu penso no que será que devo fazer. 
Parece que dormi por seis anos seguidos, quietinha, estática e sem vida. Olhei para quem eu era anos atrás e para quem eu era agora e não me reconheci... me deu náuseas, me deu dor de cabeça, vertigem e tudo mais que pode dar quando se está em choque. A menina de 16 anos era mais madura, mais independente, mais corajosa, mais inteira do que eu me tornei. E acredite, dói muito a gente decepcionar a si mesma. 
Não tem como, e muito menos por que, tentar culpar um terceiro pela confusão que a minha vida se encontra. Não sei por que mas sinto que minimizei a minha vida a uma caixinha, pequena, quadrada, clichê... nessa cidade, com família, casa e cachorro. Tudo que um dia eu não queria, eu não sonhava. Esqueci as viagens, a independência, os bares, os corpos, a vida intensa, a cidade grande e tudo que me dava arrepio para focar apenas no que me tornava igual aos outros. Eu que sempre quis ser especial, independente, diferente, me tornei o tradicional, o banal, o mesmo.

Agora o processo dói e quase sangra mas uma hora vira só uma cicatriz e tudo se resolve. Conforme a poeira abaixa eu vou me revendo no espelho, meu espírito aventureiro, independente, seguro, forte e que buscava primeiro a própria felicidade. Aos poucos a nuvem do tradicional vai descendo e eu vou me reencontrando, me reconheço, me respeito, me aceito e vejo que toda minha essência ainda está aqui. Eu ainda quero a minha liberdade, minha independência, minha vida. Custe o que custar, eu não tenho mais tempo para me perder de mim. E como dizia Anavitória: 

"Agora eu quero ir
Pra me reconhecer de volta
Pra me reaprender e me apreender de novo."











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