Afogue-se em bagunça.

E eu, na minha humilde meditação interna, achava que me conhecia. Mas quanta ingenuidade, menina! Me descubro a cada dia, me assusto com o grau de bagunça que sou, com a exigência que tenho comigo mesma e com o mundo. Venho me poupando, por um longo tempo, de certas coisas que nos dias de hoje parecem normais, faço isso e me pergunto todos os dias se faço por mim ou pelos outros. Tenho medo, morro de medo, de ser sempre a certinha, a careta, a ingênua. Nunca a admirável, a única, a exemplo.
Tenho dificuldade em deixar claro aos outros que os homens me acham estranha demais, um tipo esquisita, um defeito de fábrica, uma tentativa jogada no lixo. Nunca a rara, a diferente ou nem que seja a exceção positiva.
Criei muros de proteção contra sofrimento, chamam isso de frieza. Que seja, sou fria então. Sou fria por não crer no amor. Ou melhor, tenho pavor. Pavor por que se realmente existe o amor, que eu torço que exista comigo, tenho medo de senti-lo. Tenho maior pavor em pensar que o amor pode acontecer comigo e eu não perceber, medo de esse tal de 'amor' ser coisa simples, ser chuva de verão, que dá e passa. Tenho maior pavor em pensar que pode não ser como eu imagino, que o tal 'amor' não reconheça meu segredos, que não compreenda que não fiz tantas coisas que outros em meu lugar fazem, apenas para me tornar uma pessoa melhor, que criei esperanças sendo uma dita cuja que tem zelo ao próprio eu.
Seria errôneo este pensamento em que me pego tendo o tempo todo? Veja que a mesma dúvida insiste em açoitar a mente minha, seria certo entregar-me como a pequena de um garoto que dentre o decorrer da vida andou por caminhos tortos sem nem se preocupar em retomar os passos? Creio que se me preparei para tentar fazer parte de um grupo seletivo de criaturas melhores, mereço o melhor. Dentre tantos que poderiam ter passado em minha vida, eu espero, com fé, que entre eles exista alguém  que seja ao menos alguém que eu mereça. Não me cativei até aqui crendo que serei reconhecida por alguém que também seja único, que seja amante das minhas coisas. Quero que me faça crer que o amor possa acontecer com está criatura que mais vaga por aí com o coração vazio de afeto, por que posso ter me matado de muitas maneiras sem ao menos ter morrido uma única vez. Penso que não sei amar, porém sei falar de amor.
Já chegou aos meus ouvidos que o amor se aproxima dos distraídos, tenho pra mim que é por isso que ando tão atenta. Sou uma eterna bagunça e não há quem goste de andar nessa extrema confusão. Sou o texto que ninguém lê até o fim, a música que todos dão stop e nunca um play. Sou um prato cheio de indecisão e tenho tantas coisas que não revelo a mim mesma que tenho receio em querer passar isso a alguém.

Aprendi a lidar comigo mesma sozinha, e não sei se agora que acabei de me acostumar estou disposta a me despir de toda a minha carcaça de frieza apenas pra por a prova se o amor realmente existe. Não existe ninguém tão teimoso quanto eu.

20.10.12

2 comentários

  1. Oii querida!
    Que encanto de blog, e me identifico onde encontro palavras, porque uma porção de mim são elas.
    Mas bem passei aqui mesmo para retribuir o carinho estava um pouco ausente no meu blog, e agora estou voltando, e bem sinta-se em casa no meu cantinho e amei o seu.
    asoonhadora.blogspot.com/
    Deus abençoe

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    1. Bem vinda,linda. Sinta-se a vontade por aqui.Fico feliz que tenha vindo dar uma olhada, e se identificado assim como eu também me identifico com as tuas palavras. Apareça sempre! ♥

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